Com certeza você já pediu a opinião ou ajuda de um amigo para resolver um problema. Seja no âmbito profissional ou pessoal, contar com um olhar externo – seja pelas competências técnicas ou experiências vivenciadas pelo outro – é sempre uma saída inteligente. Essa analogia pode explicar o que está por trás dos movimentos de inovação aberta – como o Corporate Venture Capital. Empresas consolidadas adotam este modelo como estratégia para alcançar vantagem competitiva e novas fontes de renda.
O boom da tecnologia derrubou fronteiras e tornou os mercados mais competitivos, desafiando empresas consolidadas – e, em certa medida, tradicionais – a se tornarem cada vez mais inovadoras. Por mais completo e talentoso que seja o quadro de funcionários, é fato que existem mentes brilhantes pensando soluções inovadoras do lado de fora. Por isso, organizações decidem abrir as portas para pensar em soluções conjuntas, e até mesmo investir em quem tem ideias disruptivas.
O investimento de organizações consolidadas em startups é conhecido como Corporate Venture Capital (CVC ou Corporate VC). Uma das formas de fazer inovação aberta, o CVC ganhou força nos últimos anos e, apenas em 2021, movimentou US$169 bilhões em todo mundo. O número é 142% maior que em 2020, segundo dados do relatório State of CVC, da CB Insights.
Neste artigo vamos explicar o que é CVC e como o modelo pode agregar valor tanto para quem investe, quanto para quem recebe o investimento.
O que é Corporate Venture Capital?
Corporate Venture Capital – que significa capital de risco corporativo – é uma das formas de praticar inovação aberta. O movimento é uma opção para incorporar e desenvolver soluções que geram mais valor para o negócio de uma empresa. Na prática, trata-se de um fundo – reserva financeira – criado para investir em startups e novos negócios.
Neste formato, há diferentes opções de investimento como:
- Aquisição de participação minoritária, sem assumir controle da startup
- Aquisição parcial ou total da startup
- Investimento direto na startup
- Investimento em fundos de capital com esse propósito
Este não é um processo de impacto ou retorno imediato, mas um investimento focado, principalmente, em inovação para o futuro. Como um investimento de risco, o CVC leva em consideração os objetivos estratégicos da empresa, bem como o grau de sinergia entre as operações que mantém e as soluções desenvolvidas pelas startups.
Existem diferentes tipos de CVC, considerando os diversosníveis de maturidade dos novos negócios. No caso do financiamento de capital semente (seed), por exemplo, o valor alocado inicialmente é pequeno em troca de uma participação acionária, geralmente em startups que ainda estão sendo consolidadas.
Há, ainda, os investimentos de startups que estão em expansão e a fusão ou aquisição por meio de fundos de investimento.
Nos últimos anos, o fortalecimento de um ecossistema de inovação – que impulsionou o desenvolvimento da cultura inovadora dentro das próprias empresas e, um pouco a frente, o conceito de inovação aberta – fez com que a modalidade de investimento ganhasse força.
Objetivos e benefícios do Corporate Venture Capital
O investimento em Corporate Venture Capital (CVC) está sempre alinhado com os objetivos estratégicos de uma organização, tendo em vista não apenas retornos financeiros, mas também objetivos como vantagem competitiva e reputação no mercado.
Para a empresa que investe, o CVC visa aumentar as vendas e os lucros de forma direta ou indireta, fazendo negócios com startups para entrar em novos mercados, ter acesso a tecnologias que garantem vantagem competitiva e a possibilidade de adquirir ações que poderão ser vendidas por valores mais atraentes futuramente.
No geral, o movimento faz com que a organização:
- Tenha acesso a tecnologias e novos modelos de negócios disruptivos antes dos concorrentes
- Expanda a capacidade interna de explorar essas ideias inovadoras
- Cresça em mercados novos ao desenvolver uma estratégia de portfólio, alocando pequenos investimentos em diferentes startups
- Se mantenha atualizada sobre tendências e tecnologias emergentes
- Mapeie novos negócios para futuras aquisições, com investimentos menores antes de se comprometer completamente, mitigando riscos de operações de fusão e aquisição.
- Atraia talentos com a mentalidade inovadora
Para a startup que recebe o investimento, além do aporte financeiro, é positivo ter a marca atrelada a empresas consolidadas, o que se torna uma espécie de “selo de qualidade” no mercado, garantindo, ainda, acesso à carteira de clientes da empresa investidora e, em alguns casos, a mentoria para desenvolvimento do negócio.
CVC no foco das organizações
Uma modalidade de investimento de risco que une objetivos estratégicos e financeiros e pode, ainda, ser feita de forma diversificada para mitigar riscos: Não é à toa que o investimento em CVC cresceu exponencialmente nos últimos anos não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Segundo o Corporate Venture Report 2021, nos sete primeiros meses de 2021, o volume de aportes de fundos de CVC no Brasil chegou a US$622 milhões, três vezes maior que no ano anterior.
E o movimento é global. Nos Estados Unidos, foram US$86,9 bilhões investidos em CVC, com quatro rodadas de captação de US$1 bilhão direcionados apenas para os setores de energia, TI e saúde. Na Europa, o volume chegou a US$22,7 bilhões, com destaque para o Reino Unido que movimentou, sozinho, mais de US$7 bilhões e Alemanha, com US$6,5 bilhões, cinco vezes mais que no ano anterior. Os dados são do relatório State of CVC, da CB Insights.
Case Timenow Ventures
A Timenow é uma empresa consolidada no mercado de engenharia consultiva e gestão de projetos, com mais de 26 anos de atuação. Na carteira de clientes, os principais players de diferentes segmentos industriais, como Braskem, Vale e Suzano.
Com o desafio impulsionar a transformação digital do mercado para atingir a visão de ser relevante, global e digital e, principalmente, gerar mais valor, a empresa aumentou seus investimentos em inovação aberta e tecnologia. A estratégia visa ir além e oferecer ao mercado uma plataforma de soluções.
Até o final de 2022, a organização investiu mais de R$10 milhões em novos negócios que desenvolvem soluções inovadoras para o segmento industrial, formando um portfólio de investidas que já conta com seis startups: AI Robots, IndustriALL, ConstructIN, NGO Soluções, Dersalis e Futurai.
Tratam-se de startups com tecnologias voltadas para a digitalização do segmento industrial. Entre as soluções estão: inteligência artificial para a produção, machine learning para predizer falhas nas rotinas de manutenção e digitalização de RDOs e medições. Há, ainda, o monitoramento de sinais vitais para trabalhadores que executam atividades críticas.
Com as parcerias, a Timenow consegue oferecer aos seus clientes muito mais valor nos serviços de gerenciamento de projetos. Assegurando, assim, mais eficiência, produtividade e segurança em todos os processos.
“Trabalhamos em três pilares: business, mentoria e estratégia. Mais do que o aporte financeiro, ajudamos na estruturação dos processos do negócio, sempre ajustado a necessidade e tamanho da startup. Atuando no viés de mentoria com os fundadores, através das nossas lideranças e, por último, colaboramos com a construção da estratégia da startup, de tal maneira que nossas startups e outros negócios complementam a plataforma Timenow, conectando startups, soluções, pessoas e conhecimento para gerar mais valor para os nossos clientes”, pontua Walter Maia, diretor de Investimentos e Participações da Timenow.